quarta-feira, junho 01, 2005

Esquerda, Direita, Hein Hein...

Discutir a diferença entre esquerda e direita enquanto filosofias de vida e de organização da sociedade é uma coisa.
Discutir a diferença entre PS e PSD é outra.

Volto a referir. Se o PSD tiver no poder um verdadeiro social democrata (como Sá Carneiro ou Filipe Menezes) e o PS um socialista de terceira via (como o Sócrates ou Vitorino), então o PS está mais à direita do que o PSD.
Se o PS tiver no poder um socialista da ala esquerda (Ferro Rodrigues ou João Soares) e o PSD um liberal (Durão Barroso ou Borges) estará o PSD mais à direita.
Isto para referir que o cruzamento ao centro está mais do que evidente nas correntes que dominam actualmente estes dois partidos (veja-se que dou sempre dois nomes). Só uma situação de Borges vs Soares poderia levar a uma distância um pouco mais acentuada.

Quero aqui afirmar mais uma vez que sou um defensor do Estado regulador e não interventivo. Fui a favor da privatização da PT, EDP, do gás, do cimento, etc... (Sou contra a privatização da água, porque defendo que a água deveria ser um bem gratuito - mas isto ainda há-de dar pano para mangas aqui no blogue). Acredito na iniciativa privada como motor da economia e da sociedade (Xavier, a soma das iniciativas privadas é que faz o progresso, olha o caso da URSS, da China ou de Cuba no que deu - já reparei que és da ala esquerda do PS e ainda vais dizer muito mal deste governo) (Nuno, tu que acreditas tanto no valor do indivíduo, e eu também, como podes dizer isso sobre Nietzsche? - Viva o Super-Homem)

Mas Nuno, tu falaste numa coisa que para mim representa o primeiro passo rumo à anarquia - escolher o tribunal onde quero ser julgado. Não podemos privatizar algo que está instituído como um dos poderes do Estado. Simplesmente não faz sentido. Ao Estado compete criar as condições para que os tribunais funcionem eficientemente e de forma imparcial e justa para existir confiança na sociedade (empresas e cidadãos).

Passando para a política económica.
Quando chegou ao poder o PSD subiu impostos. Pediu sacrifícios que não resultaram em nada e não tomou medidas para reduzir o peso do Estado, preferindo antes as medidas extraordinárias.
O PS encontrou a situação ainda mais difícil. Subiu impostos para fazer face ao desequilíbrio no curto prazo e anunciou as medidas que todos os economistas impunham como essenciais para a criação das condições para o crescimento. Iniciou a reforma da administração pública e colocou num patamar mais próximo da sociedade civil os funcionários públicos, que eram uma "classe" claramente privilegiada. Para além disso defendem uma clara aposta nas novas tecnologias, dando para isso especial destaque à iniciativa privada. Aliás, hoje em dia ouvimos "n" vezes os socialistas a falarem em iniciativa privada e ainda bem.

Para concluir. Um social-democrata e um defensor do socialismo da terceira via tem o mesmo ideário. São do mesmo partido. Estes podem ter é nomes diferentes.

2 comentários:

Pavão disse...

Mas os tribunais não são parciais! Qualquer acção intentada por um cidadão contra o Estado (seja ele o Governo ou uma Autarquia) tem quase sempre o mesmo destino: o Estado é protegido! Só recorrendo a instancias internacionais por vezes isso é superado.
E muitos tribunais, pelo que me apercebo dos meus amigos advogados, funcionam melhor do que outros. Porque tenho de ser julgado (como réu ou requerente) aqui em Guimarães onde ainda hoje fui buscar a carta registada para ser testemunha num processo em Outubro!) quando haverá outros que despacham o processo muito mais depressa e muito mais imparcialmente pois o juiz não irá ter relações pessoais ou de conhecimento com ambas as partes?
Não falo em privatizar a justiça, mas falo em separar efectivamente a justiça do Estado e permitir mais liberdade de escolha do tribunal a executar o julgamento, para além do fim dos múltiplos recursos com que somos brindados constantemente...

Pavão disse...

Quanto aos filósofos, a minha aversão não é a este em particular, é a todos em geral, começando no Platão e terminando no Manuel Maria (Carrilho...), vem desde o secundário que tive dificuldade de relacionamento com "gajos" que apenas pensam... e não produzem nada de palpável! Traumas meus... ;)