segunda-feira, junho 13, 2005

Perdão da Dívida

O G8 resolveu tomar uma medida que muitos economistas do desenvolvimento já exigem à pelo menos uma década. Mas, mais vale tarde do que nunca...

Os 18 países escolhidos nesta primeira fase são aqueles onde o processo democrático e de liberdade de expressão está mais enraizado na classe dirigente do país, premiando-se deste modo os países que concretizaram o aprofundamento deste valores e encorajando os outros a acelarar o processo democrático interno. Os países contemplados com o perdão são: Benim, Bolívia, Burkina Faso, Etiópia, Gana, Guiana, Honduras, Madagáscar, Mali, Mauritânia, Moçambique, Nicarágua, Níger, Ruanda, Senegal, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.

É absolutamente imperioso que este perdão de 40 mil milhões de dólares não seja uma medida isolada e que sirva apenas para calar vozes sonantes que se têm batido pela causa da pobreza, como por exemplo o cantor Bono dos U2.

Toda a gente sabe que a liberalização do mercado de produtos agrícolas é o principal e o primeiro passo que tem que ser dado para acabar com a fome no globo. Juntamente com um boom em IDE (por exemplo os governos dos países desenvolvidos apoiarem investimentos das suas multanacionais nestes países), uma aposta clara dos governos locais na educação e uma verdadeira política de saúde (prevenção e tratamento da sida e vacinação contra a malária), seria possível evitar que daqui a 10 anos houvesse uma criança indefesa a morrer por não ter pão no estômago ou não estar vacinada contra a mordida de um mosquito.

Desejo profundamente que o perdão da dívida não seja uma mera operação de cosmética por parte do G8, e seja antes o primeiro passo de uma estratégia mais profunda e alargada de combate efectivo à fome e à pobreza extrema no mundo.

Este é o problema mais grave que assola o nosso planeta. O problema mais grave do ponto de vista ético e aquele que mais atenta contra a carta dos direitos humanos.

Tsunami's de fome ocorrem em África, algumas regiões da Ásia e da América Latina dezenas de vezes por ano. No entanto, estes estão ao alcance do domínio humano. E se a humanidade não fizer tudo o que estiver ao seu alcance para erradicar este desastre contínuo e silencioso, então que venha um tsunami de consciência e que limpe o espírito e a mente daqueles que estão demasiado ocupados a consumir no shopping e a ver o Big Brother.

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