terça-feira, junho 07, 2005

Concordâncias II

Caro Nuno,

Vamos ver se eu me consigo fazer explicar. Não disse que é só pela competência que as pessoas são re-eleitas. Agora, não me parece muito abonatório para o eleitorado que este seja obrigado a mudar e não livre de mudar, apenas e só isso. O Fátima Felgueiras sim, foi re-eleita, mas se o povo quis achas mal que tivesse acontecido? Não me parece, pelo contrário. Mesmo sendo ela culpada de tudo que é acusada. O povo escolheu, logo, mal ou bem, é uma vontade expressa por uma larga maioria. Se é culpada, então há a justiça que deve funcionar. O povo é quem mais ordena e eu concordo. Não estou a dizer que vou ao sabor da maioria, apenas por ser maioria, nunca fui assim.
Analogia ridícula, mas faço-a mesmo assim. Se uma criança é constantemente amparada pelos pais, se lhes é evitado que errem, que tomem decisões, será um adulto maduro? O mesmo se passa com o eleitorado. Este não deve ser limitado, se errar, deve errar por si e amadurecer por si. Se andámos a dizer que o eleitorado é maduro para votar referendo e autárquicas, por que não há-de ser maduro para se preterir um determinado candidato?

Quanto à Assembleia Municipal, também estive lá. E não foi só o PSD que apresentou propostas. Outros partidos também apresentaram. Agora o que me deixa triste é que essas propostas foram poucas e, algumas, más. Como foi o caso de algumas das propostas do deputado André Coelho Lima. No restante, todos (e aqui inlcuo precisamente todos) disseram por várias vezes "basta de análises que o diagnóstico está feito", mas constantemente iam lá mostrar os seus conhecimentos das estatísticas, os seus conhecimentos da situação e medidas, poucas e, algumas, más. Creio que concordas comigo nisso, se não, tanto melhor que assim discutimos um pouco mais e eu durmo um pouco menos :). Gostei de duas intervenções, da do Emídio Guerreiro que apresentou propostas a ter, realmente, em conta; e da do Miguel Laranjeiro, que apesar de defender o PS nacional e o Governo, trouxe, também, uma lufada de ar fresco, falando sobre medidas concretas e fazendo (com o Emídio) uma união de vozes do PS e do PSD. O restante milho foi mau, muito dele foi péssimo.

Quanto ao Grupo Parlamentar do PS, ao qual não pertenço, concordo contigo, há muito "yes-man", mas, infelizmente, há-o em todas as bancadas (se bem que nas outras será uma espécie de "no-man"). Claro que há excepções nos partidos: o César Machado, o Martins Soares, o Miguel Laranjeiro, o Emídio Guerreiro, a Rosa Guimarães (admito que tenho gostado, por vezes, da postura do PC), entr outros. São poucos... e são abafados pelos maus parlamentares. Falas-me da qualidade geral da bancada do PS e eu falo-te da qualidade geral da bancada do PSD - neste ponto falta qualidade a ambos. Pelo que conheço das vontades do PS, no próximo mandato melhorará.

Quanto ao melhor Pres. de Câmara, discordamos, é normal. Tu conheces melhor o PSD do que eu e eu conheço melhor as pessoas do PS do que tu. Se estamos em projectos diferentes, defendemos o nosso. Agora, uma coisa é certa. As assembleias municipais sem as intervenções do Pres. de Câmara, são de pior qualidade.

Última questão, como quereis vós ganhar a Câmara Municipal com frases como: «Se os vimaranenses não o quiserem eleger e quiserem renovar o mandato ao actual presidente não vou dizer que eles são inocentes e que foram enganados. Porque para mim enganados já são há muitos muitos anos e a inocência já está perdida há muito muito tempo...»?

O desprezo pelos eleitores não é a melhor forma de os cativar para um projecto.

2 comentários:

Pavão disse...

O desprezo pelos eleitores é o que o PS vem praticando há muitos muitos anos em Guimarães ao fazer obras faraónicas e deixar o grosso do trabalho como o saneamento, as sedes das juntas de freguesia, o pré-escolar (diminuição de investimento a cada ano que passa) ou a política de juventude para um dia, talvez, alguém executar. Apresentar obra faraónica como o multiusos ou o estádio do VSC é fácil quando se dispõe de quase 10 milhões de contos por ano (sim, quase 50 milhões de euros por ano). Foi pena é não terem feito saneamento em quase 2/3 das freguesias ou distribuido água pública em metade delas! Foi pena é não terem criado uma rede de infantários! É pena é que muitas freguesias ainda não tenham sequer sede da JF. E qual é a política cultural? É a vereadora chegar junto das associações e dizer que se querem fazer certa inicitiva entreguem-na à Oficina, numa clara tentaiva de municipalização da cultura?
Meu caro amigo Xavier, tu com certeza que conheces mal as pessoas do PSD e conheces melhor os do PS, mas eu tenho uma vantagem sobre ti, sabes? É que conheço bem os do PSD e também conheço aquilo que os jornais e as Assembleias Municipais me vão transmitindo do PS... E às vezes tenho vergonha de ter estes representantes... Vereadores que vão à TV dar erros, deixando apresentadores de boca aberta... Um presidente que nem o nome aparece correcto no rodapé, conhecido pelas caneladas que oferece... Enfim... Se isso não é desrespeitar os eleitores e, pior ainda, a terra que (des)governa, o que é isso então?

Pavão disse...

Já agora, confesso que não fiquei até ao final, portanto não ouvi nem o Emidio nem o Laranjeiro. Mas até ao momento em saí, quando falava o Orlando Coutinho, as únicas propostas que havia ouvido foram do PSD e do André. Boas ou más, eram propostas e não generalidades (para não dizer pior...) sobre a situação do país e do mundo, muito pouco sobre Guimarães. E quem devia levar a coisa mais a sério foi quem propôs o tema! Mas como sempre, isso é só para entreter e calar...