quinta-feira, junho 30, 2005

Professores... será? II

Caro Nuno, não quis insultar ninguém, até porque adoro dar aulas e por mim passava o tempo todo com os meus alunos (mais do que com os professores). Adoro dar aulas, infelizmente este deverá ter sido o meu último ano, para o próximo desemprego/outro emprego qualquer.
Tens razão, tudo depende do grau de responsabilidade de cada professor, mas há que convir que a grande maioria não liga uma pevide àquilo, não é? Acredita que pessoas como a tua mãe, em termos de percentagem, são muito poucas. Também conheci pessoas interessadas, este ano. A minha turma tinha a professora de História, mulher correcta até ao fim. Tive pouco tempo com ela, mas, apesar de ser olhada de canto por quase todos, notava-se que só se interessava por uma coisa, os alunos. Mas, para além destes pequenos contributos, a larga maioria contribui para o mau funcionamento do sistema de ensino. Provavelmente tu e a tua mãe reflectem sobre as aulas, pensam no que correu bem, no que correu mal, tentam conhecer o contexto dos alunos, etc. Sabes quantas pessoas fazem isso? Muito poucos e nesses incluo os estagiários. O problema aqui não é só serem maus funcionários, no quais, acredita, ninguém pode mexer. O problema é serem pessoas que, chamem-me idealista, modelam o caminho de vida de um pessoa. Mais, nos professores ninguém mexe, não existe forma de avaliação de um professor. Pode ele ser mau, não acertar em nada cientificamente, fazerem uma queixa à DREN, que o máximo que lhe acontece é ser avisado de que irão assistir à aula X no dia Y. Escusado será dizer que basta ao professor preparar bem essa aula que o processo fica em águas de bacalhau. Este é o estado do ensino e Portugal.
Existem excepções, mas como diz o Miguel, as excepções deveriam ser os maus. Sabes, já pensei em forma de avaliar os professores e não encontrei, ainda, uma que fosse quase impossível de falhar. Todas elas são contornáveis. A melhor seria: os avaliadores assistirem às aulas de professores, escolhidas aleatoriamente sem qualquer aviso prévio. Aqui, acreditem, os professores até subiam paredes. Muito poucos são os professores que gostam de ter as suas aulas assistidas, estes ainda são menos do que os bons professores. Por que será? Eu não me importo, habituei-me durante este ano. :) Por isso, Nuno, é triste ver isto, tal como ver os empregados do escritório a navegar na internet, mas parece-te que a importância de um professor é a mesma? Não é, mas isso também não pode servir para legitimar benefícios superiores a qualquer cidadão. Um dos grandes problemas do ensino é ter sido curso de recurso para muitos dos professores que actualmente ensinam.

Caro Miguel, novamente te peço que não tenhas vergonha deste país. Caro johny, eu sempre disse ao Miguel que estavamos mais próximos das nossas antigas colónias do que da europa ele é que não quis acreditar. :)

Um abraço a todos e obrigado ao Miguel e ao Nuno por me terem feito escrever mais um pouco sobre Educação.

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