terça-feira, maio 31, 2005

Há muita confusão no ar

Temos o Miguel, que já mete filósofos de segunda pelos caminhos invios da política nacional de centro a tender para a direita ou esquerda.

Temos o João que vai defendo a sua (nossa!) dama como pode.

O Pires que manda umas ferroadas e ajuda no caos.

E eu, que nem sei muito bem o que vou para aqui dizendo! ;)

Mais a sério, agora.

Discordo em absoluto que o PS hoje defenda posições do PSD de há dez anos atrás. O PS de hoje, como o de há dez anos atrás, defende sempre a mesma coisa: mais Estado, mais impostos, a menutenção do Estado-social.
O PSD de há dez anos atrás defendia, com Cavaco Silva, o contrário do que o PS hoje faz e o mesmo que o PSD hoje defende: menos Estado e melhor Estado, o Estado-regulador em vez do Estado-interventivo, maior privatização de serviços prestados pelo Estado.

Como já o disse num dos comentários, eu vejo o PS e o PSD como partidos muito próximos nos objectivos finais que pretendem - melhorar a qualidade de vida dos portugueses, aproximar-nos dos reais níveis europeus - mas vejo-os completamente separados quanto à forma de o conseguir.
O PS vai pela via, socialista/comunista, da intervenção do Estado em todas as áreas, o Estado ser o motor da economia.
O PSD vai pela via, liberal, da menor intervenção possível do Estado, limitando-se tanto quanto possível a regular, sendo a iniciativa privada o motor da economia.

E é exactamente por esse motivo que nunca poderia votar no Sócrates em 2009, seja qual for o sucesso destas suas medidas. Porque discordo total e absolutamente delas. Não quero um Estado presente em cada passo que dou, com uma estrutura pesadíssima, com cerca de 10% da população activa em Portuggal ao seu serviço, que alimente o parasistismo social através do fornecimento do peixe em vez de dar a cana e ensinar a pescar. Não quero isso. Quero um Estado que me ofereça auxilio em momentos extremos mas que me deixe a mim a capacidade de decidir o que fazer com os meus descontos, que nos deixe a nós, sociedade civil, a gestão de muitos organismos que são mal geridos pelo Estado (por exemplo, os Correios, que ainda hoje para não subir uns andares no prédio onde vivo preferiu deixar o aviso e dizer que ninguém estava em casa, coisa recorrente...). Quem me dera que o Estado não fosse o maior patrão português, que tivesse a possibilidade de escolher um tribunal como tenho de escolher um notário, que tivesse a possibilidade de optar sobre a forma como os meus descontos são geridos, que os meus impostos não fossem em grande parte para pagar ordenados e material de escritório de serviços do Estado que pouco produzem...

Portanto, a questão é a seguinte: Miguel, concordas com o constante subir de impostos necessários para a manutenção deste Estado pesado? Então vota Sócrates, que é igual a votar Guterres 95/99 ou Sampaio 91 ou Almeida Santos 87 ou Mário Soares até 85.

Ou, pelo contrário, preferes um Estado mais leve, se calhar mais liberal no sentido económico do termo? Então deverás votar no PSD do Marques Mendes se ele for o líder em 2009, que é próximo do voto no Barroso em 2002 ou igual a votar no Nogueira em 95 ou no Cavaco em 87/91 ou no Sá Carneiro em 79/81.

Essa é a grande diferença entre o PS e o PSD hoje, entre o centro da esquerda e da direita em Portugal. Mais ou menos Estado! Regulador ou interventor! Privatizado ou nacionalizado!

E se metermos a paixão pelo meio, partimos esta coisa toda em bocados porque o maior da liberdade em Portugal, do período liberal e clube não nacionalizado, é mesmo o FC Porto... e o resto é treta!

2 comentários:

despertador disse...

Guterres foi dos PM's que mais privatizou, como o explicas?
Discordo, um estado-social, desde que bem estruturado, não precisa sempre de aumentar impostos.
O PS defende um Estado mais leve, concordo, mas há certas coisas que o Estado deve dar igual para todos: educação, justiça, segurança, saúde.
Abraço

Pavão disse...

Explico com facilidade: o Guterres inaugurou o estilo de governação com programa diferente do que propunha (continuado por Durão Barroso e com o expoente máximo neste Sócrates!). Executou o que restava do programa do Cavaco sobre privatizações mas não acabou o programa: ficou por fazer a Galp, TAP, concluir a EDP e PT, o Gás, etc. O grande privatizador foi o Cavaco, que ninguém dúvide disso ou ponha isso em causa!
Quanto às coisas que tu dizes que o estado deve dar, eu digo que deve proporcionar não gratuítamente a todos. Deve ser de acordo com o que cada um tem de rendimentos. E pagar sempre um mínimo, por um lado porque todos se devem habituar que nada é de graça e por outro lado porque todos devem contribuir para o esforço de tornar este país um pouco melhor. Seja a educação (sim, devem pagar propinas!), seja a justiça, seja a saúde ou a segurança.