sexta-feira, maio 20, 2005

Ver Mais À Frente

Discordo quase na totalidade com o nosso amigo Despertador. De facto, o único ponto em que estou de acordo é na falta de informação, no facto das pessoas irem votar sem saberem em quê. No entanto, para as pessoas mais interessadas não faltam canais de informação.

Quero igualmente afirmar que não li o texto constitucional. Contudo, sei basicamente aquilo que pretende. Sei aquilo em que discordo. Sei aquilo em que acredito e sei aquilo que falta para o texto ser completamente do meu agrado.

Eu vejo a União Europeia como uma união entre povos que partilham os mesmos valores fundamentais (ver Carta dos Direitos Fundamentais). Somos ocidentais. Se olhar para o globo, qual os países com que temos mais semelhanças? Com certeza os europeus. Não são os africanos, nem os latino-americanos, nem os indianos, nem os árabes, nem os chineses, nem os japoneses. Fora da Europa, e actualmente com bastante discordância em assuntos como o Tribunal Internacional de Justiça, o Protocolo de Quioto e a Guerra do Iraque, os EUA são o país a que mais nos assemelhamos em termos de valores. Iniciativa privada, democracia e liberdade. (Ler "O Choque de Civilizações" de Samuel P. Hungtinton - muito falado após os ataques do 11 de Setembro)

A globalização é um processo imparável e cada vez mais acentuado. Num mundo globalizado e democrático, os maiores países, mais populosos e poderosos serão aqueles que conseguirão fazer prevalecer os seus valores. A Europa desunida jamais terá uma voz de peso na cena internacional.
Acho que a Europa deveria ter uma única participação no Conselho de Segurança das ONU. Em princípio passarão a ser 3 brevemente. Para a credibilidade da Europa é crucial que fale a uma só voz.

Outro ponto a favor do SIM são os mecanismos de tomada de decisões que precisa urgentemente de ser simplificado e menos rígido, de forma a não bloquear a União e tornar esta uma instituição absoleta onde as decisões dificilmente seriam aprovadas.

Critico o Tratado por não ir mais longe, mas compreendo que a mentalidade dos europeus ainda não esteja preparada para a união política (se calhar nunca estará). Veja-se a percentagem de votos em partidos nacionalistas a aumentar por toda a Europa. Entristece-me.
Eu fui contra a guerra no Iraque e Portugal enquanto país foi a favor. Não poderia deixar de ser português, e o mesmo terá que se passar em relação à Europa. Nunca estaremos sempre a favor, mas os assuntos terão que ser discutidos internamente e mostrarmos união para o exterior. Para o bem da credibilidade da Europa. Para o bem dos direitos fundamentais que todos defendemos.

Não defendo a Constituição quando prevê um único objectivo para o BCE. Ao controlo da inflação, deveriam ser acrescidos os objectivos da criação de emprego e do crescimento económico. Mas isto são pontos circunstanciais, que poderão ser alterados, e que não poderão impedir a aprovação do Tratado por causas superiores e indispensáveis do meu ponto de vista.
Critico deste sempre o PE(C) - de crescimento tem pouco - , mas nem por isso deixo de ser europeísta, por valores superiores a uma simples política orçamental com que discordo. Discordo em muito com a PAC, mas não deixo de ser europeísta.

Porque sou um simples europeu. Porque acredito que valores como a paz, a democracia, a liberdade, a justiça e a igualdade de oportunidades terão mais garantias de serem mantidos se a Europa se conseguir manter unida.

Este passo para alguns é longo demais. Para mim é curto. Mas sempre é melhor do que ficar no mesmo sítio ou até andar para trás. Rumo a uma federação. Rumo à União Europeu. Vamos concretizar o sonho daqueles que, depois de uma II Guerra Mundial catastrófica para a Europa, sonharam com uma Europa unida e de valores comuns.

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