terça-feira, maio 31, 2005

A Heterogeneidade das Esquerdas e das Direitas

Não me considero um visionário infalível, muito pelo contrário. Provavelmente falho mais do que qualquer pessoa normal. Aliás, sempre fui uma pessoa com muitas dúvidas. Nem sei se tenho certeza de alguma coisa. MAS PARA ESTAR BEM COMIGO PRÓPRIO PRECISO SENTIR QUE SOU COERENTE COM A MINHA CONSCIÊNCIA, COM AQUILO QUE PENSO. Meu caro amigo João, eu que até te considero uma pessoa à frente em algumas coisas (por exemplo na música), em termos de ideologia, considero-te um estacionário.

Abordando superficialmente o debate sobre a esquerda e a direita: há várias esquerdas e várias direitas dentro das nações e a nível europeu.

A impressão que eu tenho é que os trabalhistas de Tony Blair (os socialistas que apregoam a terceira via - um termo engraçado da evolução socialista que, e ainda bem, ao contrário dos comunistas, se soube adaptar a uma realidade completamente diferente) são mais à direita do que os conservadores franceses de Jacques Chirac.

Com isto pretendo dizer que debater a diferença, a nível europeu ou global, entre esquerda e direita pode-se tornar uma discussão sem fim. Depende muito das realidade de cada sociedade. O Estado francês é por definição um Estado social, enquanto o britânico tem uma visão mais liberal e menos intervencionista. A principal razão apontada pelos especialistas e historiadores foi a revolução protestante (pra ti Johny), que atribui mais valor ao indivíduo, à sua capacidade e à sua iniciativa. Segundo os especialistas foi a sustentação teórica, social e até moral para o arranque da revolução industrial em Inglaterra. (Ler o livro "A Riqueza e a Pobreza das Nações" de David Landes - muito bom e grande em todos os aspectos).

Ao nível de Portugal: o PS fala abertamente em terceira via, ou seja, está possivelmente no campo onde estava o PSD à 10 anos. O PSD está a caminhar para um sentido que não existia em Portugal, porque parecia mal quando vinhamos de uma ditadura, que são os liberais (o termo é completamente o oposto de ditadura - não sei porque parecia mal). Esta corrente, no entanto, tem um peso semelhante ao que os verdadeiros sociais democratas têm, pelo que o partido me parece dividido ao nível da corrente ideológica a seguir. Há algumas diferenças na concepção das responsabilidades do Estado entre uma e outra corrente.

Pela multiplicidade de correntes hoje existentes e pelo seu cruzamento e encontro em tantos pontos, ao contrário de à 50 anos onde apenas existiam duas correntes que ainda por cima se situavam em polos opostos, é-me muito difícil dizer que sou social democrata, socialista da terceira via ou liberal.

Sócrates descorrompeu-me. Eu que não me imaginava a votar socialista, hoje consigo perceber que não estou bem estando de certa forma condicionado por pertencer a um partido.
Se pertencer a um partido nos cega (como é o caso do Johny) eu opto por não pertencer. Corri esse risco desde que me lembro (primeiro em festas e caravanas depois como militante inactivo), mas ainda bem que não fiquei corrompido, que é como quem diz, cego.

P.S. - Aquele abraço a todos os amigos cósmicos. Peço desculpa se às vezes demonstro pouca humildade ou arrogância em demasia. Comigo está sempre tudo tranquilo... :) Se calhar foi por ter lido Nietzsche, mas eu creio que é sobretudo por defender as minhas ideias com plena convicção. Não tenho problemas em mudar de opinião, porque em mim não há dogmas que colem.

Apenas existe uma verdade absoluta. O SPORTING É O MELHOR. Foi a paixão a falar... :)

1 comentário:

"Fernando Pessoa" disse...

Devia ter sido ao leres Nietzsche, que descobriste o que tu chamas de verdade absoluta, O SPORTING É O MELHOR.

Eheheheh, o club do “quase”.

:)