sexta-feira, maio 20, 2005

Ovelha Negra

Ora, pelas primeiras reacções, parece-me que sou a ovelha negra cósmica (uma metáfora terrível). Como disse, votarei "não" (a não ser que me convençam, claro está). Tenho algumas razões, podem até não ser as melhores, mas são as minhas razões. Tal como o Pacheco Pereira, não acredito que venha aí o fim do mundo se não ratificarmos o tratado de Constituição Europeia. Não sei para quê esta obsessão por uma constituição só. Que mal tem termos as nossas constituições, mais adaptadas, certamente, à realidade de cada país? Aceito que, em certas coisas, tentemos igualar os outros membros da UE, mas, no que toca a particularidades referentes a cada país, as diferenças têm que ser intocáveis. A constituição portuguesa foi feita pelo nosso país e para o nosso país, contendo o retrato do que melhor tem Portugal (tem as suas falhas, mas a intenção era essa). Agora digam-me, em que é que nós somos semelhantes aos nórdicos? Em pouco, no que toca ao desenvolvimento (o que é pena); em nada, no que toca à maneira de estar no mundo (falo sempre, claro está, do melhor de Portugal). Podem-me dizer que é o comboio da mudança que aí vem e que temos que apanhá-lo... muito bem, contudo, quero apanhá-lo com as particularidades que fazem de mim português. Não sou nacionalismo, mas defendo que culturalmente eu sou muito diferente de um inglês ou de um nórdico (diferenças essas que se tornam ténues se nos compararmos com a Espanha ou a Itália). Espero ter explicado bem este ponto (duvido, mas espero).
Como perceberam sou anti-federalista. A União Europeia é hoje um exemplo mundial, porque une os países pela ideologia social e económica. Este sonho europeu agrada-me, para além disto é, como referi, unir o que não tem união.
Sou regionalista, logo, defender a centralização europeia é contraditória com a primeira ideia. Não defendo o tratado de Bolonha, ainda que o aceite, por ser ao nível do Superior. No entanto, o sistema educativo deve existir em função do país em que se insere, não pode nunca ser o país a adaptar-se à educação que tem (este facto explica todos os erros que foram as reformas educativas desde o 25 de Abril).
No entanto, em nada me identifico com o argumentário para os "trabalhadores" do PCP ou do BE, por isso louvei entusiasticamente a tomada de posição de Pacheco Pereira (o que raramente acontece, creio até que foi a primeira vez).

Para além disto, voto "não" por haver falta de esclarecimento. Voto "não", porque tal como qualquer contrato não o poderei assinar se não compreender o que lá vem escrito (e assim deviam fazer todos os portugueses, não o contrário).

Pires, realmente também defendo que o referento à Constituição Europeia não seja nas autárquicas, pois daqui até lá nada se esclarecerá e não serão, com toda a certeza, os candidatos às juntas ou às câmaras a fazer esse esclarecimento (será que o Rui Vítor Costa era capaz? - mera provocação...). Só um referendo seria correcto realizar com as autárquicas, o referendo à IVG, pois este já não necessitaria dum esclarecimento tão alargado.

Miguel Carvalho, peço desculpa por não ter lido o histórico :). Sim, sou de esquerda, opositor, em Guimarães, ao partido do Pires e à Juventude a que pertence (sou da JS). Mas não defendo isto ou aquilo pelo partido. Como sempre disse, a ideologia pode ser a mesma e ter diferentes maneiras de ser abordada.

Bom, o post já vai longo. Isto deve estar confuso, mas mesmo assim, um grande abraço por me aturarem.

Conselho da Semana - Leiam Agostinho da Silva.

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