sexta-feira, agosto 05, 2005

Poetas

Senti-me incentivado a sair em defesa da poesia.
Poucos são os poetas que respeitam marcadamente as regras, isto é, que fazem versinho com rimas, com um determinado número de sílabas, etc. Já foi tempo disso, tal como já foi tempo de se pintar quadros naturalistas. O mundo evoluiu e as artes evoluiram com ele. A mentalidade de cada época está presente nas artes, daí haver tantos e tão diferentes correntes.
É complicado caracterizar a poesia, mas creio que Pollock, pintor Norte-Americano descreveu a pintura da mesma maneira que se deve escrever a poesia, dizia ele que os quadros não deviam ser interpretados, deviam ser apreciados como se apreciam as paisagens. Nada mais correcto. A poesia também o deve ser dessa forma, devemos apreciar a sua sonoridade, as imagens mentais que nos provoca, os sentimentos que nos desperta, apenas. Eu não gosto de interpretações, por muito acertadas que possam ser. A música é igual, ouve-se e aprecia-se, ponto.
Daí que haja poemas com uma força imensa e outros singelos como um pétala de flor, daí que nuns consigamos ver o mar e noutros consigamos sentí-lo. A poesia é isso mesmo, o elevar da escrita a emoções.

Isto digo-o eu, que sou um leigo. Agora se eu vos dissesse que não consigo apreciar Fernando Pessoa, homónimos e heterónimos, tínhamos já aqui um trinta e um cósmico. Porém, é assim que deve ser, não podemos, nem devemos, gostar todos dos poetas apenas, porque são grandes, deve-se gostar deles pelo que nos fazem sentir.

1 comentário:

despertador disse...

Caro Miguel, acabei de ficar extremamente comovido. :) Muito obrigado pela crítica.
Abraço.