Os nossos sindicatos devem andar pelas ruas da amargura porque o país acordou para a realidade. Mais uma vez tarde, mas acordou. Já não fala em direitos adquiridos, mas sim em privilégios.
À excepção de alguns lunáticos de esquerda com funções políticas, os economistas da nossa praça estão de acordo com os traços gerais do Orçamento de Estado para 2006.
Até Silva Lopes, que é da esquerda, critica a postura de reivindicador desconcertante que os sindicatos apresentam e fez uma alusão a uma empregada têxtil para combater esta ideia absurda dos direitos adquiridos (onde é que eu já vi isto?).
Creio mesmo que a maioria dos trabalhadores sindicalizados já tomou consciência das dificuldades, ao contrário da sua cúpula de representantes que necessita de berrar pelo impossível para continuar a ganhar o deles.
Aquele discurso marxista contra o capital e a favor dos direitos dos trabalhadores já não faz sentido.
O capital cria emprego, por isso devemos criar mecanismos para o atraír e mante-lo cá. O capital é o principal motor para a inovação tecnológica e criação de know-how. Como há 50 anos fomos capazes de atrair investimento para o sector têxtil e calçado, é importante que agora consigamos atrair capital intensivo em tecnologia e conhecimento. Como fazemos isso?
Do seguinte modo:
a) Tornando mais célere a justiça - Um processo de recuperação de dívidas demora uma eternidade;
b) Flexibilizando o mercado de trabalho - Uma empresa pode numa semana ter encomendas que justifiquem 6 horas de trabalho/dia e noutra semana que justifiquem 10. Porque é que a empresa tem que na primeira semana pagar 8 horas de trabalho e na segunda semana pagar 8 horas mais 2 horas extras?;
c) Desburocratizando e simplificando o acesso aos mercados e o desenvolvimento das actividades produtivas - Hoje em dia é preciso papéis e autorizações de organismos que se sobrepõem uns aos outros e que atrasam a normal desenrolar da actividade das empresas sem justificação aparente. Simplesmente falta um papel que demora 2 meses a emitir e até lá pára tudo;
d) Promovendo a concorrência em sectores chave - especialmente o sector energético;
e) Sendo competitivos em termos fiscais - simplificando e tornando mais transparente o sistema e reduzindo a tributação ao capital.
P.S. - Espero que na Auto-Europa os sindicatos tenham bom senso, porque corremos o risco de aproximadamente 2% do nosso PIB fugir para a China ou para a Roménia.
Macau que se vai perdendo
Há 10 anos
2 comentários:
Bato palmas a este post. Quanto à Auto-Europa, não há problema pela via sindical, visto que os trabalhadores lá há muito se aperceberam que ou começam a negociar como os seus colegas alemães ou então a empresa vai-se.
Caro Miguel,
Conconcordo plenamente contigo, mas acho que demonstras um pouco da tua convicção ideologica de centro-direita, ou estarei engado?
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