terça-feira, outubro 11, 2005

E a solução foi...

o Bloco Central.

A Alemanha, colocada perante o vazio de governação após as últimas eleições legislativas, obrigou os dois maiores partidos a sentarem-se à mesa e a negociarem entre si a distribuição dos pelouros e uma espécie de pacto de regime.

CDU e SPD ficam com 8 pastas cada um, sendo que terá pela primeira vez umA chefe de governo - a Sra. Angela Merkel. Este acordo terá ainda que ser aprovado pelos respectivos partidos, mas tudo indica que se concretizará.

A Alemanha, assim como os Nações mais antigas da União Europeia, tem graves problemas económicos. Desde o défice das contas públicas passando pela perda de competitividade nos mercados internacionais, a economia alemã enfrenta no presente enormes desafios. Urgem as reformas.

Uma das principais reformas proclamadas na campanha eleitoral pela Sra. Merkel foi uma simplificação do sistema fiscal que passaria pelo imposto de taxa única. Há quem diga que foi esta medida que quase a fez perder as eleições, já que o Sr. Schroeder nos últimos dias incidiu sobre ela e a suposição de tirar à classe média para dar aos ricos.(Vários países de Leste já adoptaram a taxa única para o IRS, sendo que a Eslováquia tem uma taxa de 19% para o IRS, IRC e IVA. in revista DiaD de 10/10/2005)

Espero que os políticos alemães sejam responsáveis e honestos e que na mesa das negociações tenham chegado a compromissos sérios e concretos. Para o seu bem, para o bem dos europeus.

Os mais pessimistas vislumbram neste bloco central uma grande possibilidade para a queda do regime e o ressurgimento de um nacionalismo retrógrado. Para estes, o insucesso dos dois principais partidos da Alemanha significaria a ascenção dos mais radicais, com consequências imprevisíveis para a Europa.

Não se pense que a Europa tinha força para tirar do poder um Jöerg Haider eleito pelos alemães. A Alemanha não é a Áustria...

Eu acredito que o povo alemão tem consciência dos desafios que tem pela frente. As negociações entre patrões e sindicatos, após longas maratonas, têm chegado sempre a bom porto. É certo que os trabalhadores têm, invariavelmente, baixado os seus salários mas, de que outra forma poderiam eles impedir a deslocalização das fábricas? A circulação de capital é livre e, se a China ou outros países emergentes fechassem agora as suas portas ao capital e aos produtos europeus, veríamos muito mais fábricas a fechar do que actualmente.

Mais uma vez o que eu lamento é que no resto da Europa a reforma fiscal esteja pelo menos a ser debatida e neste cantinho à beira mar plantado continue tudo mudo. Excepção feita a alguns políticos da ala liberal do PSD.

P.S. - O nosso governo acaba de criar mais um escalão de IRS... E provavelmente mais um ou outro abatimento e isenção...

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