segunda-feira, dezembro 12, 2005

Crise de Coesão

Não é uma crise orçamental aquilo por que está a passar a União Europeia actualmente.
Eu chamar-lhe-ia antes a crise do orçamento ou a crise da coesão, provocada pelos caprichos de dois do Estados Membros - Reino Unido e França.

O primeiro quer que lhe seja devolvido um cheque negociado pela Sra. Tatcher. O segundo quer manter a maioria dos recursos comunitários afectos à Política Agricola Comum.

O RU está a reivindicar uma compensação negociada antes da queda do muro de Berlim, quando ainda não se fazia a mais pequena ideia que a Europa nesta fase seria consitituída por 25 Estados-membros e para a qual, mais do que nunca, é necessário um esforço de coesão. Significa que os ricos têm o dever de contribuir para que os mais pobres de aproximem dos níveis de desenvolvimento médio da União. Ora, com esta proposta de orçamento, os países do alargamento são aqueles que mais perdem, tendo todo a legitimidade para se sentirem enganados pelas promessas feitas pela Europa.

A França, apesar de ter aprovado a Estatégia de Lisboa (estabelece como prioritário para o desenvolvimento da União uma aposta clara na inovação, no desenvolvimento e no conhecimento, condições indispensáveis para vencer no mundo globalizado e competitivo em que vivemos)continua sem abrir mão dos benefícios que lhe traz uma política esbanjadora e injusta como é a PAC. Numa altura em que se torna prioritário a aplicação dos recursos em políticas viradas para a educação e formação, não se compreende como é que a França quer adiar por mais 8 anos (o orçamento que se discute é para o período 2007-2013) uma estatégia estabelecida em 2000.

Torna-se imperioso que estas duas potências europeias deixem para trás os caprichos nacionais e que tenham em conta os verdadeiros interesses da União no médio e longo prazo. Ambas têm que ceder. Este entrave na aprovação do orçamento pode ser um bom indicador do quanto estes dois países estão empenhados na construção de uma Europa mais unida, mais solidária, mais capaz de enfrentar potências como os EUA, a China, a Rússia ou a Índia.
Porque só unidos seremos capazes de defender os nossos interesses nas mais diversas organizações mundiais.

EU ACREDITO NA EUROPA, PORQUE NÃO ACREDITAR É DEIXÁ-LA MORRER LENTAMENTE.

1 comentário:

"Fernando Pessoa" disse...

concordo plenamente,

Como é possivel cerca de 70% do Orçamento da Uniao Europeia ser para a Política Agricola Comum?