terça-feira, outubro 27, 2009

Absolut ou (sob) reserva



Um interessante editorial do i, o jornal mais interessante da actualidade em Portugal, uma espécie de Público dos anos 90, faz uma alusão muito interessante à perspectiva de Governo que iremos ter para os próximos anos.

Um Absolut Sócrates de alto teor alcóolico e peito cheio ou um (sob) reserva mais brando para ser calmamente digerido?

Aposto para mim que vai ser um cocktail. Porque uma vez vodka e nunca mais poderá ser um Douro ou um Alentejo de qualidade. E o teor alcóolico é demasiado grande para ser consumido assim...

Atente-se no discurso, onde foi dizendo que quer dialogar (e as eleições foram há um mês e de então para cá só ouço falar de diálogos em Belém e em S. Bento mas não vejo acção...) mas foi deixando o recado aos partidos da oposição, que são todos os outros: o programa do PS é para cumprir e não há discussão sobre isso!

Ora que diálogo será este? "Vamos lá falar mas no final fazemos o que eu quero!" não é dialogar...

Aliás, posso estar enganado, mas a táctica está à vista de quem quiser ver: o Governo vai forçar ao máximo as propostas com ar dialogante mas resultado nulo até que o Parlamento seja dissolvido, lá para meados de 2011, seis meses depois das eleições presidenciais...

E o Presidente, qual o papel dele nisto?

Tenho para mim que agora que ele podia impor muito mais a sua força e "presidencializar" este Governo minoritário, por demérito político (que sempre foi o principal defeito de Cavaco Silva) na gestão dos silêncios e intervenções nas campanhas eleitorais, acabou por se ver fragilizado e sem capacidade de, neste momento e nestas circunstancias, conseguir intervir. Mas o tempo costuma sarar as feridas e agora que acabou o "circo" das campamnhas, compete ao Governo começar a governar e as probabilidades de ser ele, novamente, o centro das atenções são enormes - e é isso que o Presidente precisa agora, tempo e desviar as atenções de forma a que possa recuperar o seu poder moderador e espaço de intervenção.

Mas no final, muito sinceramente, apenas sobrará uma grande ressaca aos portugueses, muita dor de cabeça e azia q.b., o que nós precisavamos era de um Gurosan Sócrates e de um Prozac Cavaco...

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