Saio do avião e um ar quente e abafado inunda os meus pulmões. Cheguei a Angola. À minha direita o pequeno aeroporto internacional 4 de Fevereiro apresenta-se em mau estado de conservação e à minha esquerda vejo uma rede com 3 metros de altura enferrujada a delimitar a área do aeroporto de uma zona habitacional (quatro paredes, quando o tecto não é em palha, erguidas com blocos de cimento) de Luanda.
Chego à zona de check-in e sou imediatamente rodeado por mosquitos, desejosos de darem as boas vindas aos visitantes mais ou menos indefesos que todos os dias aterram em Luanda.
O funcionário que carimba o nosso visto pede-nos uma gasosa (dinheiro). Demos 20€ de gasosa. Na zona de recolha das malas somos abordados por funcionários alfandegários a dizer que tinhamos que lhes dar dinheiro, pois caso contrário teriamos problemas com as nossas malas (desta vez não demos e os problemas não surgiram).
À saída do aeroporto somos abordados por uma multidão em luta a querer pegar nas nossas malas para as levarem para o carro. Para quê? Para receberem a gasosa.
Luanda e Angola é assim. Gasosa para tudo e para nada. Desde que chegaram os telemóveis, o termo utilizado com mais frequência passou a ser "saldo", o que equivale a 900 kwanzas, ou seja, aproximadamente 9€.
A viagem do aeroporto até ao hotel foi uma aventura inesquecível. O primeiro contacto com o trânsito e com os condutores angolanos deixa-nos boquiabertos. Como é possível? Estes tipos são loucos. Na estrada impera a anarquia. É o salve-se quem puder. Inimaginável.
Outra coisa que me surpreendeu pela negativa foi a quantidade de lixo que se encontra em qualquer sítio. Não acredito que Luanda, com 4,5 milhões de habitantes, tenha mais contentores e camiões de recolha do lixo do que o concelho de Vila do Conde. Não vislumbrei fome nas pessoas, mas sim uma pobreza enorme em termos de higiene, saúde e condições sanitárias. Neste campo, foi muito pior do que aquilo que estava à espera. Curioso é que todos os residentes me diziam que a cidade se encontrava incomparavelmente mais limpa do que há um ano atrás.
Luanda é uma cidade exageradamente cara. Seguramente ao nível das mais dispendiosas em todo o mundo. A estadia varia entre os 150 e os 200 dólares por noite, e as refeições variam entre os 40 e os 60 dólares por pessoa.
Os dias foram de trabalho, mas fiquei a compreender porque é que lá o trabalho é para se ir fazendo. A temperatura é uma tosta.
O clima e o mar são, nos dias de hoje, o melhor que Angola tem para oferecer.
Macau que se vai perdendo
Há 10 anos
2 comentários:
Pois. Venham as fotos.
E mais informações, claro, tipo enviado especial do OC!
Quanto a mar, em Luanda, deve ser perigoso... Com tamanha poluição em terra e esgostos a céu aberto como deu na televisão, a água deve ser mais poluída que o rio Douro dos piores dias...
Queremos conclusões Cosmicas,
È um mercado seguro para investir? com potencial? com boas margens de lucro?
Pelo que li dos relatorios das empresas portuguesas cotadas na CMVM, existe muito dividas por recuperar destes mercados, verdade?
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